O que é DDA/ DDAH?
Cada vez mais, pais e escolas reconhecem o Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) como um dos maiores problemas que causam dificuldade de desempenho escolar. Com estimados 6% das crianças em idade escolar afetados pelo DDA, você pode esperar que em quase todas as salas de aula haja alguém com DDA ou DDAH (Distúrbio de Déficit de Atenção com Hiperatividade). Os seus problemas podem incluir capacidade de atenção curta, distração e dificuldade de organizar e completar seus trabalhos. Muitos apresentam também um estilo impulsivo; eles começam a trabalhar sem checar as orientações, respondem fora de hora e têm problemas em esperar a sua vez.
DDA não é uma doença e nem uma desordem no sentido mais comum. É uma constelação de traços de temperamento e um estilo de pensamento. O objetivo do indivíduo com esses traços deve ser controlá-los e usá-los para seu proveito. Controlar esses traços requer que se aprenda a aprender eficiente e efetivamente.
O cérebro da criança com DDA pode ser comparado com uma luz piscando. O cérebro de todos produz eletricidade e as diferentes freqüências de ondas cerebrais são associadas com estados mentais diferentes. Pessoas com DDA produzem uma abundância de ondas lentas e mostram uma menor atividade de ondas rápidas. Um aumento súbito da atividade de ondas lentas – alfa ou teta- no meio de uma atividade complexa é equivalente ao indivíduo se desligar naquele momento. Pessoas com DDA podem testemunhar sobre a frustração de perceber continuamente que a despeito das melhores intenções e até a despeito de grande interesse no assunto, eles perdem pontos chave e partes de uma palestra, minutos após ela ter começado. Embora a maioria das pessoas ocasionalmente experimente chegar ao final da leitura de uma página e perceber que sua mente estava em outro lugar, pessoas com DDA que não desenvolveram certas estratégias passam por isso a maior parte das vezes. Com DDA, uma pessoa pode estar pensando muito intensa e criativamente internamente enquanto ignora o que está sendo dito pelo professor. Além disso, mesmo quando a pessoa não está internamente pensando em outra coisa, a sua mente não se torna ativamente envolvida nos acontecimentos. Estar ativamente envolvido requer um estado associado com ondas cerebrais mais rápidas – atividade beta.
O que pode ser confuso para os pais é que, freqüentemente, indivíduos com DDA podem exibir concentração e foco excelentes em situações específicas, às vezes até superior aos seus colegas. Crianças com DDA podem, por exemplo, se tornar totalmente absortas em videogames, certos programas de tv, brincadeiras com lego, playmobil, etc. Apenas algumas dessas atividades mudam excepcionalmente rápido, portanto, este não é o único fator que explica essa concentração intensa. Na década de 1970, na coleta de dados para a sua tese sobre os efeitos da Ritalina em crianças hiperativas, Lynda Thompson (agora diretora do ADD Centre em Mississauga, Ontário, Canadá) percebeu que um número desproporcional de garotos com DDAH que jogavam hóquei eram goleiros. Esta é uma posição que aproveita ao máximo as características inatas de muitas crianças com DDAH. O goleiro recebe instruções individuais e, portanto, não precisa prestar atenção durante as sessões de estratégia no vestiário. Quando está no gelo, eles não têm que prestar muita atenção quando o disco está na outra ponta do rinque e isso não afeta sua performance. No entanto, quando o disco está próximo a eles, eles parecem ficar mentalmente “presos” ao disco, e nada os distrai, nem mesmo fãs barulhentos.
O estado mental de hiper-foco que pessoas com DDA são capazes de atingir é muito adaptativo em uma situação próxima a um gol. No entanto ela pode irritar um pai que tem seus chamados repetidamente ignorados porque a criança está em estado de hiper-foco diante da televisão ou do videogame. Muitos acadêmicos e empresários que têm DDA percebem que podem prender seu foco em documentos que estão criando ou planos que estão desenvolvendo e virtualmente nada pode distraí-los quando estão desempenhando esse tipo de atividade. Na nossa experiência, a maior parte desses indivíduos atribui o seu sucesso ao desenvolvimento de estratégias metacognitivas para lidar com sua dificuldade de concentração. Isso pode tê-los tornado alunos melhores do que as pessoas que nunca tiveram que trabalhar para aprender a aprender. Um exemplo disso é um físico brilhante que se tornou um expert em estratégias para fazer provas e já publicou 18 livros sobre o assunto. No entanto, ele ainda tem dificuldade em ficar sentado durante uma palestra sem impulsivamente fazer uma pergunta ou um comentário! A história de vida de vários gênios criativos, de Mozart a Edison e Einstein, sugere que eles eram indivíduos com DDA. O que faz a diferença entre uma pessoa com DDA ser bem sucedida ou não? Depende da capacidade deles de controlar as suas habilidades e usá-las em seu proveito.
Felizmente, há uma nova abordagem na ajuda a crianças e adultos a aprender a auto-regular suas ondas cerebrais para melhorar sua concentração. Essa abordagem educacional é chamada Neurofeedback ou Feedback EEG computadorizado. Em uma média de 40 a 60 sessões, a pessoa pode aprender a produzir padrões de ondas cerebrais que são associados ao foco e à concentração. Diferentemente dos remédios, o neurofeedback parece ter um efeito de longo prazo aumentando a capacidade da criança de se manter concentrada (atividade das ondas cerebrais lentas diminuída) e de passar períodos longos concentrada na solução de problemas (atividade das ondas cerebrais rápidas aumentada). Há uma diminuição significativa do fenômeno de desligar-se (associado com atividade de ondas alfa e/ou teta) quando se espera que a criança participe de uma atividade ou preste atenção em classe. Além disso, o neurofeedback parece ter um efeito semelhante ao dos estimulantes, aumentando a “guarda” das crianças para inibir ou evitar ações impulsivas. Crianças que já tomem medicação podem continuar durante o treinamento, no entanto, a maioria pode gradualmente diminuir as dosagens quando dominam a auto-regulação.
O treinamento por Neurofeedback é o oposto do tratamento por medicamentos. No Neurofeedback, as crianças rapidamente percebem que ninguém está fazendo algo por eles. Eles estão totalmente no controle, são responsáveis, se sentem com poder e descobrem as coisas eles mesmos. O feedback nada mais é do que uma ferramenta que permite que eles aprendam a se auto-regular.
Texto traduzido do original What’s ADD/ADHD? de Lynda Thompson, Ph. D., Psicóloga e diretora do ADD Centre® em Toronto e Mississauga, Ontário, Canadá.
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