O que é
Quem é mais propenso
Quais os principais sintomas
Como se diagnostica
Etiologia (causas)
O papel do stress
O tratamento
Notas finais
Se você vem, nos últimos meses, sendo acometido de um cansaço
excessivo que parece não passar com o repouso e além do mais,
apresentando com freqüência um ou mais do seguintes sintomas:
- Dores de cabeça
- Dificuldades de memorização
- Dificuldade de concentração
- Dor de garganta freqüente
- Gânglios linfáticos doloridos
- Dores musculares
- Dores articulares sem vermelhidão nem inchaço
- Sono não restaurador
- Indisposição prolongada após exercício
você pode estar sofrendo da chamada "Síndrome da fadiga crônica".
O que é a "Síndrome de fadiga crônica " ?
A "Síndrome da fadiga crônica" SFC , é uma
condição caracterizada por uma fadiga prolongada e debilitante
acompanhada por vários sintomas inespecíficos como dores de cabeça,
repetidas inflamações de garganta, dores musculares e nas articulações e
perturbações cognitivas como lapsos de memória e dificuldade de
concentração. A fadiga intensa que é o elemento principal da síndrome
pode aparecer repentinamente ou se instalar
gradualmente.
O diagnóstico da "Síndrome da fadiga crônica"
requer que os sintomas relatados tenham uma história de pelo menos seis
meses de duração se bem que a maioria dos pacientes se queixam de
padecer por anos de um quadro extremamente incapacitante e mal entendido
por leigos e também pelos múltiplos profissionais de saúde até então
procurados.
Enquanto há algum tempo atrás a maioria dos
portadores da SFC eram tratados como fingidores ou simplesmente como
preguiçosos incuráveis, eles são atualmente vistos como deprimidos e
submetidos a terapia com antidepressivos os quais algumas vezes aliviam
alguns dos sintomas e outras agravam o quadro.
O reconhecimento da SFC como um quadro clínico
definido e não como uma invenção dos seus portadores é algo muito
recente . Foi apenas em 1988 que um grupo de experts resolveu denominar
assim o conjunto de sinais e sintomas que têm na fadiga o seu aspecto
mais dramático. Em dezembro de 1994 o Grupo Internacional de Estudo da
Fadiga Crônica publicou no Annals of internal Medicine uma
descrição detalhada , que é atualmente utilizada para o diagnóstico e
tratamento da SFC .
[topo]
Quem são as
pessoas mais propensas a desenvolver a Síndrome de Fadiga Crônica ?
De acordo com as estatísticas que mal começam a
surgir, a SFC acomete principalmente mulheres de raça branca com idade
entre 25 e 50 anos se bem que indivíduos de todas as idades, raças e
classes sócio-econômicas também sejam afetados .
[topo]
Quais são os
sintomas mais comuns na Síndrome de Fadiga Crônica ?
O entendimento e manejo dos sintomas da SFC é
fundamental já que eles podem afetar profundamente o curso da síndrome.
Esses sintomas, produzem um efeito tipo bola de neve e passam a ser
capazes por si só de perpetuar a SFC mesmo sem um stress externo.
Como já vimos acima, além da fadiga debilitante
não aliviada pelo repouso, os sintomas mais comuns encontrados na SFC
são
- Dores de cabeça
- Dificuldades de memorização
- Dificuldade de concentração
- Dor de garganta freqüente
- Gânglios linfáticos doloridos
- Dores musculares
- Dores articulares sem vermelhidão nem inchaço
- Sono não restaurador
- Indisposição prolongada após exercício
A maioria dos portadores da SFC também se queixa
de sintomas de leves a moderados de ansiedade e depressão o que faz com
que muitas vezes esses indivíduos sejam tratados como se fossem
primariamente portadores de quadros psiquiátricos. Ë importante notar
que cerca 40% dos portadores de SFC não apresentam qualquer sinal de
comprometimento psíquico além do abatimento óbvio conseqüente a
perceber-se sofrendo de algo não diagnosticado e freqüentemente
desvalorizado.
Alguns estudos Têm mostrado nos portadores de SFC
uma alta incidência de alergias que às vezes datam de anos antes do
início da síndrome. Algumas vezes os pacientes se queixam da
intensificação dos sintomas alérgicos e / ou do aparecimento de novas
alergias após o início da SFC.
A constante coincidência entre quadros alérgicos e
a SFC que muitas vezes se assemelham a estados gripais permanentes, são
na verdade reflexo do comprometimento do sistema imunológico observado
na síndrome.
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Como se
diagnostica a Síndrome da Fadiga Crônica ?
Diagnóstico diferencial
Em virtude do seu caráter impreciso, o diagnóstico
da SFC exige uma criteriosa avaliação clínica que afaste a existência de
doenças que tenham sintomas semelhantes a síndrome como:
- Hipotireoidismo
- Hepatites B ou C
- Uso abusivo de Álcool e outras drogas
- Efeitos colaterais de medicações
- Lúpus eritematoso sistêmico
- Esclerose Múltipla
- Câncer
- Depressão
- Anorexia
- Bulimia nervosa
- Esquizofrenia
- Distúrbios bipolares
- Demência
Freqüentemente, as pessoas com SFC não parecem tão
doentes como se sentem e por isso, seus familiares, amigos, empregadores
e médicos tendem a duvidar de suas queixas.
A SFC e a fibromialgia comumente coexistem no
mesmo paciente. A fibromialgia é caracterizada por dores musculares sem
causa aparente .
Mialgias e artralgias (dores musculares, pontos
dolorosos ao toque, fraqueza e fatigabilidade fácil) são sintomas comuns
nos portadores da SFC . Os pacientes se queixam também de dores
articulares que freqüentemente mudam de uma articulação para outra e não
se fazem acompanhar de vermelhidão ou inchaço
Alterações cognitivas: É a denominação técnica
dada ao conjunto de sintomas que engloba:
- Dificuldade de concentração
- Dificuldade de memorização
- Dificuldade para se orientar (desorientação
espacial)
- Dificuldade em recordar
nomes
- Dificuldades para encontrar as palavras
necessárias para se expressar
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Quais as causas (etiologia) da Síndrome de fadiga
crônica ?
A SFC pode ser vista como uma tríade que inclui:
- Um fator hereditário cuja avaliação é fundamental para o
prognóstico
- O estressor composto pelos vários tipos de stress que possam
ter desencadeado a SFC
- Os sintomas que podem eles próprios se tornarem fonte de stress
Numa situação semelhante a uma bola de neve, A SFC
se constitui numa fonte de stress realimentando e intensificando a
sintomatologia.
A etiologia da SFC tem sido intensamente
investigada e por causa de sua heterogeneidade, muitos pesquisadores
duvidam da existência de uma causa ÚNICA. Algumas vezes a síndrome
aparece após uma infecção, outras vezes após um trauma físico ou
psicológico mas também pode se desenvolver gradualmente sem nenhum fator
desencadeante aparente. Um nível anormal de anticorpos para uma
variedade de vírus pode aparecer em vários, mas não em todos os
pacientes, se bem que alguns pesquisadores insistam em afirmar que uma
infecção virótica é a causa da SFC. Quadros depressivos e ansiosos
prévios também não podem ser apontados como causa da SFC, uma vez que
mais de um terço dos pacientes com SFC não apresenta nenhuma
comprometimento psiquiátrico.
Muitos pacientes com SFC são convencidos pelos que
o assistem de que eles são "apenas" portadores de problemas emocionais e
isso não é verdade. A SFC é conseqüente a uma série de alterações
orgânicas cujo centro é o eixo neuroendócrino formado pelo hipotálamo, a
hipófise e as supra-renais. Pessoas com SFC não podem ser tratadas como
alguém cujas dificuldades possam ser resolvidas apenas por uma decisão
de mudança.
Uma fragilidade inata das supra renais é o
elemento hereditário fundamental que torna algumas pessoas mais
susceptíveis à Síndrome da Fadiga Crônica
Uma vez que não é possível uma avaliação direta
dessa susceptibilidade, deve-se priorizar na avaliação:
- A idade do paciente quando os sintomas se iniciaram
- A intensidade dos sintomas
- A quantidade de stress necessária para desencadear os sintomas
De uma maneira geral, podemos dizer que o grau de
participação do componente hereditário na SFC, é diretamente
proporcional à intensidade dos sintomas e inversamente proporcional à
idade de início e à intensidade do stress envolvido ou seja: quadros de
SFC que se iniciam cedo, tem sintomas intensos e são desencadeados por
estressores leves, têm provavelmente uma forte participação do fator
hereditário.
Se bem que o reconhecimento da SFC como uma
síndrome data de pouco tempo, o estudo da chamada "fragilidade funcional
supra-renal" ou "hipoadrenia funcional" data do começo do século . Nesta
época já se aventava que uma depressão funcional das supra-renais
poderia levar ao aparecimento de sintomas como cansaço, hiper-sensibilidade ao frio, extremidades frias, hipotensão,
lentificação da função cardíaca, anorexia, anemia, lentificação do metabolismo, constipação e cansaço mental (psicastenia).
Este fato deve ser levado em conta ao se estabelecer a estratégia de
tratamento da SFC que pelo seu caráter de síndrome requer uma abordagem
terapêutica múltipla
Para a compreensão e manejo adequado da SFC, é
fundamental que se entenda como o stress pode levar ao esgotamento
neuroendócrino característico da síndrome.
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STRESS: Muito Falado, Pouco Conhecido
Colocado entre as palavras da moda, o termo
"stress" tem sido explorado às últimas conseqüências sem que quase nunca
se dê a ele uma definição psicofisiológica adequada ou seja, de que
maneira e através de que sistemas orgânicos o stress se instala e de que
modo ele interfere em processos orgânicos que são vitais para uma vida
saudável.
Necessário também se faz separar o stress
considerado normal definido por alguns como eustress do stress
patológico ou distress.
Dentro de uma definição geral o stress pode ser
conceituado como qualquer fator (estressor) que estimule o "sistema
geral de adaptação" do organismo. Estressores intensos ou mesmos
estressores moderados mas que atuem durante muito tempo, levam a uma
falência do sistema orgânico de adaptação ao stress, desencadeando um
conjunto de sintomas que assume características peculiares em cada fase
do processo, desde a fase de resistência compensada até a fase de
exaustão que caracteriza os estágios avançados de stress.
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Existe
tratamento para a Síndrome de fadiga crônica ?
Ao invés de ser considerada pela maiorias dos
pesquisadores como uma doença, a SFC é antes vista como um conjunto
comum de sintomas desencadeados por fatores infecciosos e não
infecciosos. Essa idéia é compatível com visão da SFC como uma condição
clínica como o são por exemplo, a hipertensão a anemia
NA SFC, a combinação de sintomas como fadiga,
dores musculares e articulares, alterações do sono, alterações
psicológicas e em alguns casos a depressão associada leva a uma condição
debilitante e às vezes incapacitante que merece tratamento sintomático e
suporte emocional. É de fundamental importância que o terapeuta se
coloque ao lado do cliente que freqüentemente já não acredita que alguém
possa dar crédito ao seu sofrimento.
Ë importante que as pessoas com SFC passem a ter
uma vida mais calma e evitem ou reduzam a sua exposição a situações
estressantes seja física ou psicologicamente, que eles sejam instruídos
a balancear atividade e repouso, estabelecer para si metas realistas, a
definir planos de vida flexíveis adaptáveis as suas variações de energia
e aos seus sintomas e principalmente que se mantenham otimistas quanto à
sua recuperação.
Nas medidas em prol de uma vida normal, deve-se
evitar retomada abrupta de exercícios e se recomendar uma reintrodução
gradual de uma atividade física na qual a freqüência (de preferência
diária), seja mais importante do que a quantidade (tempo diário) e a
intensidade.
Existe um tratamento medicamentoso específico
para a SFC ?
O caráter de síndrome que envolve uma diversidade
de sinais e sintomas, não permite a existência de uma medicação
específica para a SFC, se bem que alguns dos pesquisadores envolvidos
com o seu estudo, se concentrem na revitalização da função das supra
renais, cujo esgotamento parece ser o centro e causa principal de todo o
conjunto de sinais e sintomas característicos da síndrome. Por outro
lado a utilização de medicação sintomática criteriosamente escolhida
após um diagnóstico preciso, pode aliviar os sintomas e permitir ao
paciente uma progressiva reinserção em um padrão de vida mais normal
Como enfrentar o stress?
Um entendimento amplo dos stress envolvidos na SFC é vital para a
recuperação do paciente já que toda tentativa deo tratamento deve ser
baseada em dois princípios básicos nos quais o terapêuta e o paciente
devem por todos os seus esforços objetivando:
- Faça tudo o possível para fortalecer o mecanismo adaptativo
- Remova o stress tanto quanto possível
Em síntese o tratamento da SFC envolve:
Suporte emocional
Tratamento medicamentoso dos sintomas
Tratamento medicamentoso da depressão porventura coexistente
Revitalização do sistema neuro-hormonal
Reestruturação do modo de vida objetivando uma melhor qualidade e
uma menor exposição ao stress.
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Notas finais
Reconhece-se hoje que muitas pessoas antes vistas
como fingidoras, preguiçosas ou "na melhor das hipóteses" deprimidas ,
são na verdade portadoras de uma condição clínica ocasionada pela
conjunção de uma série de fatores como fragilidade hereditária, fatores
infecciosos, estressores físicos e psicológicos. Por isso, essas pessoas
podem e devem ser tratadas através de um conjunto de medidas destinadas
a aliviar os sintomas, fortalecer o organismo e devolver ao paciente uma
qualidade de vida compatível com um nível saudável de interação com o
meio ambiente físico e emocional. É imenso o alívio e a recuperação da
auto-estima observada nos portadores da Síndrome de Fadiga crônica já a
partir do momento em que lhes é revelado que aquilo que sentem, longe de
ser um fingimento ou uma forma de fraqueza de caráter é na verdade um
mal físico passível de tratamento em função do qual elas voltem se
sentir pessoas normais e que possam viver de uma forma produtiva e
saudável.
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